YIN E YANG, ARTES MARCIAIS E AS LEIS DE NEWTON


O Yin e Yang sob a ótica de Isaac Newton.

O conceito do Yin e Yang, originário da China, remota mais de cinco mil anos antes da vinda de Cristo. Com imprecisão semelhante, surgem as primeiras artes marciais (organizadas conforme escolas disciplinares) no mundo, cujo berço geralmente é conferido à Índia (embora corrente contraditória defenda que suas primeiras manifestações se deu no próprio ocidente). Em Londres, o brilhante cientista (e alquimista) da física e matemática (entres outras áreas do conhecimento humano), condecorado com o título de Sir (“Cavaleiro”, em curta definição) pela Rainha da Inglaterra, Isaac Newton acabou relacionando as perspectivas do Yin e Yang com a doutrina marcial há muito tempo existente no oriente.

Na filosofia chinesa, o Yin e o Yang tradicionalmente representam as forças opostas, porém complementares, existentes em todo o universo. O Yin possui características tranquilas, como a água que se contém na terra, driblando qualquer obstáculos por onde passa. O Yang possui características agitadas, como o fogo que se expande pelo ar, queimando tudo que encontra pela frente. Entretanto, embutido no aspecto Yin existe uma pequena força Yang, assim como embutido nos aspecto Yang existe uma pequena força Yin.


Nas artes marciais, as forças Yin e Yang podem ser amplamente relacionadas aos vários aspectos da doutrina, desde seus princípios filosóficos até os conceitos mais técnicos. Neste contexto, é possível identificar o movimento mental como a principal característica Yin e o movimento físico como a principal característica Yang. A atração que estes dois opostos exercem um sobre o outro, num movimento cíclico e sem sobreposição, revela a capacidade do espírito marcial. Quando o corpo e a mente trabalham em conjunto, cada um respeitando o limite de sua própria natureza, embora conscientes de que um complementa o outro, a dualidade coexistencial se converge em unidade existencial.


Não é à toa que as cores das faixas nas principais artes marciais são preta (Yin) e branca (Yang). Enquanto o claro simboliza a necessidade expansiva do praticante (leveza e ingenuidade), o escuro simboliza a necessidade coagulante do praticante (dureza e maturidade). Um artista marcial iniciante é caracterizado pela falta de forma e postura mais leve, enquanto um artista marcial veterano é caracterizado pela presença de forma e postura mais rígida. O pupilo deve ter energia para aprender, embora precise encontrar a natureza da calma para assimilar. O mestre deve ter calma para ensinar o conhecimento, embora precise demonstrar o poder da energia para transmitir o conhecimento. A relação entre aluno e professor deve ser recíproca, pois ambos precisam refletir em suas próprias posturas: o que é um, pode ser outro; o que é outro, pode ser um – e vice e versa.




Com relação aos aspectos mais técnicos nas artes marciais, o Yin e o Yang encontram tradução na Terceira Lei da Dinâmica dos Corpos, na qual "para toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade” (Isaac Newton, 1687). Num exemplo prático, o vigor de um golpe deve ser interceptado na mesma medida por uma defesa, embora esta encontre na suavidade (reação) o fluxo canalizador para a projeção daquela rigidez (ação). O movimento de ação (impulsão, Yang) encontra seu oposto equivalente no movimento de reação (receptivo, Yin).


Ainda sobre os aspectos físicos nas artes marciais, podemos encontrar as forças Yin e Yang atuando no mesmo movimento, seja ele de ação ou reação. Conforme a Segunda Lei da Dinâmica dos Corpos, “a mudança de movimento é proporcional à força motora imprimida, e é produzida na direção de linha reta na qual aquela força é imprimida” (Isaac Newton, 1687). Neste sentido, para que um golpe/defesa possa atingir/repelir com o máximo de força, será necessário deslocar a massa do membro que golpeia/defende no menor percurso possível entre dois pontos (inicial e final), bastando seguir o trajeto de uma linha reta com a maior aceleração possível. Para tanto, a característica Yang (leveza) deve ser adotada no início do movimento enquanto que, para seu final, deve ser empregado a característica Yin (rigidez).

Um conceito muito importante, presente nas artes marciais em geral, reflete a postura Yin ou Yang que pode ser adotada pelo praticante, conforme a Primeira Lei da Dinâmica dos Corpos, onde “todo corpo continua em seu estado de repouso ou de movimento uniforme em uma linha reta, a menos que seja forçado a mudar aquele estado por forças aplicadas sobre ele” (Isaac Newton, 1687). A mente e o corpo do artista marcial deve permanecer em harmonia, num estado de espírito constante. Só assim, caso necessário, o praticante poderá adotar um posicionamento passivo (Yin) ou ativo (Yang) face ao estímulo ativo (Yin) ou passivo (Yang), respectivamente.

Sem querer (querendo), Isaac Newton conseguiu provar a existência das forças opostas, porém complementares, que habitam (formam) o universo, há muitos séculos desvendadas pelos chineses (grandes alquimistas do passado) através dos conceitos extraídos do Yin e Yang, praticados pelos artistas marciais, desde os tempos mais remotos, no intuito de alcançar o equilíbrio entre o corpo e a mente. Quem sabe Isaac Newton, além de Sir, fosse um artista marcial inato?

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Faixa preta de Karate-Dō estilo Shōtōkan pela Budōkan Escola de Karate-Dō, em Maceió – AL. Praticante de Kendō (1º Kyu pela CBK) na Escola Yuuhakkan de Kendō, em Maceió – AL e jūdōka por muitos anos nos tempos do ensino colegial. Atualmente trabalha como Designer (desde 2008) e é bacharel em Direito.
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© 2013 Pedro Rocha (Seki) Maia Gomes | Todos os Direitos Reservados | Lei nº 9.610 de 1998

4 comentários:

  1. Oss! Parabéns por mais um bom texto!

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  2. Todos os textos estão de parabéns, Mal posso esperar para começar a treinar =D ANSIOSÍSSIMA!!!

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