KARATE KID: A FEBRE DOS ANOS 80/90
O grande sucesso americano sobre Karate e seus valores morais.
Hoje vamos falar de um clássico da Sessão da Tarde, responsável por colocar muitos de nós no mundo do Karate-dō e das artes marciais. Sim, estou falando de Karate Kid (e todas as suas sequências).
KARATE KID:
A HORA DA VERDADE
A HORA DA VERDADE
Estreando em 1984, este filme abalou gerações por todo o mundo e popularizou o Karate-dō no ocidente. Contava a história do jovem Daniel Larusso (Daniel-san, interpretado por Ralph Macchio), um rapaz novo no Vale de São Fernando, Califórnia. Ele, a princípio, não consegue se ambientar em sua nova morada (só um americano para não gostar de morar na praia...), até que conhece e se engraça com Ali Mills (Elisabeth Shue). Aí os problemas começam...
A menina é ex-namorada de Johnny Lawrence (Willian Zabka), um karateka valentão que começa a bater em Daniel-san para recuperar a atenção da garota. Um dia Daniel-san é salvo pelo Senhor Miyagi (interpretado pelo icônico Pat Morita), zelador de seu condomínio e MESTRE NA ARTE DO KARATE-DŌ. Assim começa o aprendizado do protagonista, que deve encarar seus medos para ganhar o respeito dos colegas e o amor da garota!!!!
O filme é famoso por mostrar o treinamento de Daniel-san através de atividades cotidianas, como limpar o carro ou pintar uma parede (?). No entanto, a maior fama do filme veio do golpe final utilizado pelo herói, um Tobi geri estilizado, que imita movimentos do grou (pássaro japonês). Quem, dessa geração, não ficou imitando o golpe no dia seguinte?
KARATE KID 2 – A HORA DA VERDADE CONTINUA
Com o pior subtítulo possível no Brasil, a sequência estreou em 1986, apenas dois anos depois. Desta vez Daniel-san e mestre Miyagi vão a Okinawa, sendo a história centrada no passado e relações familiares do mestre. Destaque para a cena da Cerimônia do Chá (Chanoyu), gravada de forma impecável.
KARATE KID 3 – O DESAFIO FINAL
De volta aos EUA, Daniel-san é desafiado por um lutador de Karate que planeja se vingar dos eventos ocorridos no primeiro filme. Com péssima aceitação pelo público e pela crítica, foi o início da decadência de Ralph Macchio no cinema. Destaques para as cenas de kata, gravadas em cenários nos quais qualquer karateka gostaria de treinar.
KARATE KID 4 – A NOVA AVENTURA
Com o título original The Next Karate Kid, traz uma nova protagonista, Julie (Hilary Swank), uma adolescente problemática que sofre pela perda dos pais. Senhor Miyagi, então, decide ensinar Karate-dō à jovem para que ela encontre o caminho certo para a sua vida. Foi o filme de pior aceitação e o responsável por afundar de vez a franquia.
CURIOSIDADES SOBRE A OBRA
No Japão, o filme foi lançado com o nome Best Kid. A continuação, apesar de ser centrada no Japão, teve suas cenas gravadas em Oahu, uma ilha do Hawaii. O personagem interpretado por Pat Morita é uma homenagem ao criador do estilo Gōjū-ryū, Chōjun Miyagi. No entanto, no terceiro filme vemos que os kata são do estilo Shitō-ryū.
Pat Morita foi indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro como melhor ator coadjuvante pelo primeiro filme, mas, infelizmente, não ganhou nenhuma das premiações. O terceiro filme, no entanto, recebeu indicações no Framboesa de Ouro: pior filme, pior diretor, pior ator, pior ator coadjuvante e pior roteiro.
O diretor dos três primeiros filmes, John G. Advilsen, também dirigiu um outro grande filme, Rocky, com Sylvester Stallone. A trilha sonora, lançado pela Casablanca Records, reuniu diversos clássicos dos anos 80: "You're the Best", de Joe Esposito, "Cruel Summer" da banda Bananarama e a clássica “Glory of Love”, de Peter Cetera.
O VERDADEIRO KARATE NUNCA MORRE
Até hoje o filme original é famoso nos Estados Unidos. Foi uma parte importante da história ocidental do Karate-dō, pois ajudou a difundi-lo e a aumentar o número de alunos nos Dōjō. Além disso, serve de referência cultural, pois mostra um recorte (pobre, mas existente) das academias de artes marciais nos anos 80.
Muito bem, Karate Nerd. Deixe seus comentários sobre esse grande clássico que embalou as tardes de crianças e adolescentes. Ainda mais, se ele foi responsável por você começar a treinar.
OSU!!!
Brandel Filho [ブランデル フィリオ]
Editor do site e professor de Karate-dō,
Que treinava aos sábados, com os amigos, o "chute da garça".
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DICIONÁRIO RÁPIDO
DICIONÁRIO RÁPIDO
[茶の湯] Chanoyu: Água para o Chá;
[剛柔流] Gōjū-ryū: Estilo do Suave e do Duro;
[空手道] Karate-dō: Caminho das Mãos Vazias;
[空手家] Karateka: Especialista em Karate;
[糸東流] Shitō-ryū: Estilo dos mestres Itosu e Higaonna;
[飛び蹴り] Tobi geri: Chute com salto.
Osu,
ResponderExcluirCaro Brandel,
Uma coisa muito bacana explorada na série de filmes Karate Kid é a simplicidade do Karate. Todos treinamentos transmitidos pelo Sr. Miyagi aos seus dois pupilos são básicos, claros e eficientes - o essencial para a autodefesa. Cada lição está sempre acompanhada de muita filosofia, algo para manter o Karateca em paz, longe da cobiça e próximo da humildade. A serenidade do Sr. Miyagi, embora seja apenas uma interpretação, lembra-me muitas passagens da autobiografia do Mestre Funakoshi bem como de seus ensinamentos. O filme recebeu muitas críticas, sempre com justificativas torpes: "não mostra karate de verdade". Penso que os filmes Karate Kid mostram, a todo tempo, o que é e o que não é Karate, cabendo a quem assiste prestar um pouco mais de atenção.
Parabéns pelo Blog!
Osu.
Muito bem dito, PsekiMG. Fica a dica para aqueles karateka noviços que ainda não viram o filme.
ExcluirOsu!
So complementando o comentário do Psekimg, a filosofia do karatê tem sido esquecida, percebo que nas academias os alunos treinam como atletas para competir, entram vazios e saem vazios como se estivessem entrando em uma quadra para jogar uma 'pelada' e depois vão para suas casas sem uma conciência de que KARATÊ É PARA A VIDA e não só para competir em Shiai kumitê. Mestre Funakoshi (Shotokan)treinou até os 90 anos. Até que idade conseguiremos competir? Depois dos 35, 40 anos nosso karatê acabará? As academias estão hoje formando faixas pretas para competição mas não praticantes para enfrentar a vida fora do dojô. Uma vez em uma competição fui cumprimentar meu adversário com o famoso toque de luvas e ele tentou me acertar um guiaku zuki. Achei ridícula aquela atitude (que lembra muito o adversário do Daniel-San)- Também não me importei (bom...eu ganhei a luta rs). Fiquei só pensando naquela atitude anti-desportiva e imaginando o que o sensei dele deve ensinar no seu dojo. Com certeza não é karatê. Karatê não é só pontapé e soco, envolve toda uma filosofia e cultura, onde a falta de interesse em aprender é um desrespeito aos ancestrais que idealizaram a arte. #FICAADICA
ResponderExcluirFrancis, você traz pontos importantes para a discussão. realmente, treinar Karate é mais que uma prática, mas uma filosofia de vida. Isso o filme aborda de maneira brilhante. Osu!
ExcluirAmigos, anteontem e ontem fiz questão de rever (via Netflix) os dois primeiros filmes, o I e o II. Não me lembrava mais dos detalhes, mas o filme marcou bastante e o conteúdo filosófico toca muito, principalmente os ensinamentos do mestre Miyagi, pela não violência, pelo Karate apenas para defesa e não ataque etc etc... Treinei no estilo Wado Ryu (depois passou para Wado Kay...), com mestre Afonso Guedes, em Florianópolis, SC. Também senti o fato dos treinamentos serem muito voltados para competições... a filosofia muito deixada de lado... Mas voltando ao filme de ontem, o Karate Kid II, muito emocionante a cena da cerimônia do chá. Um grande abraço a todos(as)!
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