KOBUDO, DE OKINAWA A JAPÃO
Um pouco sobre a história da arte irmã do Karate-Do.
Olá, KARATE NERD!
Você sabia que o uso de armas nas artes marciais não é exclusividade do Wushu (ou Kung Fu, mais popularmente no Brasil)? Sim, o Caminho das Mãos Vazias, de vazio, só tem o nome. Hoje vamos conhecer o Kobudō, a arte com armas de Okinawa e do Japão.
UMA COISA É UMA COISA, OUTRA COISA...
O Kobudō é uma arte de combate tradicional, que faz uso de armas diversas para a autodefesa. A tradução do nome significa “Caminho Marcial Antigo”, pois remete aos tempos dos guerreiros diversos do Japão e de Okinawa. No entanto, devemos saber que existem dois tipos de Kobudō, o de Okinawa (Ryūkyū Kobujutsu ou Okinawa Kobudō) e o japonês (conhecido também por Koryū).
O Koryū remonta às práticas corporais dos bushi (guerreiros japoneses), refletindo em suas técnicas a realidade em questão. Ainda existem, hoje, mais de 40 estilos de Koryū, o qual foi transformado (em parte) para se adequar ao sistema dos Gendai Budō (artes modernas do Japão). Suas técnicas foram reinventadas para os tempos atuais e, apesar de manter sua letalidade, foram incorporadas filosofias de evolução pessoal e educação.
O Kobudō de Okinawa trata dos diferentes tipos de técnicas com armas desenvolvidas ou aprimoradas em Okinawa e demais ilhas do arquipélago de Ryūkyū. Sua história está intimamente ligada à de Okinawa e do próprio Karate-dō, sendo estas duas consideradas artes irmãs. As armas utilizadas por essa arte não são as mesmas encontradas no Japão, pois um decreto oficial proibia o uso de espadas (e armas similares) pelos habitantes da ilha, os quais ainda necessitavam de meios para se defender. E, como a necessidade é a mãe da invenção, novos métodos foram criados para suprir essa carência.
ORGANIZANDO O ARSENAL
No Koryū, as armas utilizadas são as mesmas dos guerreiros do Japão feudal (com adaptações, às vezes). Alguns exemplos são a katana (espada clássica do samurai), a naginata (espécie de alabarda), o kusarigama (espécie de foice com corrente) e o arco e flecha. Além disso, algumas técnicas corporais, sem uso de armas específicas, podem ser consideradas tipos de Koryū.
Em Okinawa a realidade era um pouco mais dura. Devido à proibição do uso de espadas, a população local não dispunha de meios óbvios de se defender de seus opressores (o próprio governo que proibiu as armas, por sinal). Como qualquer coisa na mão se torna uma arma em potencial, os camponeses tiveram a ideia de utilizar suas ferramentas agrícolas. Dessa forma, adaptaram o uso de diversos utensílios, sendo alguns discutidos aqui, a seguir.
Sai [釵]: espécie de adaga com três pontas, normalmente utilizada em pares, escondendo-se uma terceira nas costas. Antes de se tornar uma arma, era utilizada para fixar redes de pesca no chão, além de auxiliar na construção de cercas e medição de troncos (não me pergunte como).
Nunchaku [両節棍]: dois bastões unidos por uma corda ou corrente. Era utilizado como parte do freio de cavalo em carroças e como ferramenta para debulhar o arroz colhido.
Tonfa [旋棍]: similar ao popular cacetete, utilizado pelos policiais brasileiros, é confeccionada em madeira. Em Okinawa era uma alça, parte do moedor de arroz, também utilizada para bater os grãos e retirar a casca.
Bō [棒] ou Kon [棍]: o clássico bastão, que em Okinawa era uma espécie de vara utilizada para transportar baldes de água e outros tipos de carga. Normalmente era uma vara de bambu ou algum outro pedaço de madeira comprido.
Kama [鎌]: é uma espécie de foice curta, para utilizar com apenas uma mão. Era utilizada para cortar grama ou cana-de-açúcar.
Existem muitos outros tipos de armas, como os Uēku (remos de barco), a Jiifā (espécie de punhal rudimentar e longo), Tinbē e Rōchin (alabarda e escudo, o qual poderia ser um casco de tartaruga), o Tekkō (tipo de soqueira de ferro), entre muitos outros.
ONDE ENTRA O KARATE-DŌ NISSO?
Diversos estilos de Karate-dō ainda praticam o Kobudō como conteúdo essencial em suas aulas. Em especial, destacamos o Shitō-ryū, que sempre manteve as armas como parte de seu repertório. É comum, também, algumas escolas de Shōtōkan-ryū resgatarem essas técnicas, principalmente na práticas de kata.
Agora, que tal começar a montar seu próprio arsenal em casa? Converse com seu sensei sobre isso e comece a praticar, quem sabe, convidando algum professor capacitado para um curso.
OSU!!!
Editor do site e professor de Karate-dō,
Cuja arma preferida é o Kon clássico, de bambu, mesmo.
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Eu fico impressionado com a forma como estão sufocando o Karate e assim fazendo com que seus conhecimentos se percam no tempo. o kobudo sempre existiu e hj pratico o karate shito ryu e não temos acesso e nem o conhecimento das tecnicas do kobudo, saberia indicar algum nome no Brasil para fazermos contato e agregar esses conhecimentos?
ResponderExcluirGrato pelo comentário e interesse, Yoru. O sensei Denis Andretta, do Rio Grande do Sul, é um grande professor de Kobudô e Karate-Dô. Ele é bem fácil de achar na internet e uma pessoa muito acessível, além de um grande pesquisador e praticante do tema. Ficamos felizes por poder aproximar os praticantes e esperamos que continue acompanhando o blog. =)
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